domingo, 24 de janeiro de 2010

Quem era Inês de Castro?

Inês Pires de Castro era filha bastarda de D. Pedro Fernandez de Castro, poderoso fidalgo castelhano, e irmã de D. Fernando e de D. Álvaro Pires de Castro, senhores de grande poder político e senhorial.

A jovem veio para Portugal em 1340, integrada no séquito da princesa D. Constança Manuel, filha de D. João Manuel, respeitável opositor do então Rei de Castela,D. Afonso XI, aquando da celebração do casamento de D. Constança com D. Pedro, filho de D. Afonso IV, Rei de Portugal.

O casamento, de conveniência, objectivava acalmar a exaltação dos monarcas, D. Afonso IV e D. Afonso XI, reis em permanente conflito, em estado de guerrilha mútua. D. Pedro, homem de natureza impetuosa e independente, apaixonou-se pela bela Inês, apelidada pelos poetas de "colo de garça". Ela passou a ser a alma gémea que o levou a desprezar as convenções cortesãs e a desafiar frontalmente tudo e todos. E, após a morte de D. Constança, por ocasião do parto de seu filho D. Fernando, futuro sucessor de D. Pedro no trono de Portugal, o Infante assumiu, às claras, a ligação existente, indo mesmo viver com ela no Paço da Rainha, em Santa Clara, Coimbra. Nem a tentativa de D. Afonso IV em fazer abortar a ligação, exilando Inês de Castro no castelo de Albuquerque à vista de Ouguela na estremadura espanhola, dera resultado, tal como não colhera melhor sorte o exílio na Serra de El-Rei, Moledo, Canidelo (próximo de Gaia). A Corte, que permanecia, frequentemente, na cidade do Mondego, não via com agrado as relações entre os dois amorosos. Considerava a ousadia uma afronta. Entendia-se que a ligação era indecorosa, pelos problemas morais e religiosos que levantava, bem como pelo perigo que trazia para o reino, em virtude da influência da família dos Castros, que se insinuava junto do Infante. As intrigas do Rei apressavam o monarca a agir. Desta forma, a teia à volta de Inês avolumava-se, apesar de ela viver, despreocupadamente, o seu idílio com Pedro nas bucólicas margens do Mondego.

As peças do complicado xadrez iam-se ajustando para o desenlace final. D. Afonso IV compreendia as razões que o impeliam a tomar uma decisão, mas hesitava. Contudo, chegou a hora do veredicto. Reuniu o seu Conselho em Montemor-o-Velho para analisar a atitude a tomar.

Entre os conselheiros contavam-se Diogo Lopes Pacheco, Álvaro Gonçalves e Pêro Coelho. A reunião constituiu, na prática, num julgamento, em que o acusado não esteve presente. El-Rei decidiu pela execução de Inês. E, na fria manhã de 7 de Janeiro de 1355, quando a neblina do rio ainda não se havia dissipado, o executor régio, aproveitando a ausência do Infante para as suas habituais caçadas, penetrou no passo e ali decapitou "aquela que depois de morta foi rainha".

D. Pedro, ao receber a notícia ficou irado.

Quando ascendeu ao trono, com a idade de 37 anos, passados dois sobre a trágica morte, pensou que chegara a hora do ajuste de contas.

Reinava, então, em Castela, D. Pedro, "O Cruel". Tinha muitos inimigos. Espalhava a violência e perseguiu os seus opositores. Para conseguir capturá-los celebrou um tratado com D. Pedro, em que os dois monarcas se comprometeram a prender os exilados dos dois reinos e a sua entrega mútua na fronteira. Os portugueses visados eram os conselheiros de D. Pedro IV, que influenciaram a decisão do rei. A troca de prisioneiros castelhanos e portugueses efectuou-se. Os castelhanos foram supliciados em Sevilha e os portugueses, Álvaro Gonçalves e Pêro Coelho, em Santarém. Diogo Pacheco salvou-se, segundo a tradição, porque foi avisado por um mendigo a quem dava esmola, de que ia ser preso. Trocou a roupa com o pobre e escapou-se para Aragão e daí para França. A tradição popular deu-o, mais tarde, a viver no Piodão, Arganil.

A Pêro Coelho mandou-lhe tirar o coração pelo peito e, a Álvaro Gonçalves, pelas espáduas, já que os considerou homens sem coração.

in Hotel D.Inês (clicar) texto corrigido

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