sábado, 20 de fevereiro de 2010

Teatro de Fantoches

O Teatro de Fantoches, criado por nós com vista à apresentação nas diversas EB1 do nosso Agrupamento, só foi passível de ser apresentado em duas turmas da mesma escola.
Dado o interesse manifestado pelos alunos e respectivos professores, dirigir-nos-emos às restantes escolas no decorrer do 3º período.



Teatro de Fantoches sobre os amores de D.Inês


Narrador: Era uma vez uma doce e bela rapariga, chamada Constança. (Momento de pausa na acção.)

Constança:
Olá! Eu sou a Constança e, em breve, vou casar-me com um príncipe de Portugal chamado Pedro. Não é tão lindo?! Querem saber como é que ele é??? Ele é alto, moreno (neste momento aparece Pedro a passear como se nada fosse) com barbas e muito, mas mesmo muito... pois é, claro, vai ser meu futuro marido. Claro que tinha de ser muito valente e GIRO!!

Narrador: Continuando com a história...
Constança era castelhana, e os pais de D. Pedro arranjaram o casamento entre eles. Constança iria ser a futura rainha de Portugal. Com ela vinha a sua aia, Inês. (Neste momento aparece Inês, atrás de D. Constança.)

Inês: Olá, eu sou Inês de Castro, aia de D. Constança... nós somos muito amigas! (Neste momento dão um abraço.) Vou ser a dama de Honra de D. Constança.

Narrador: Passado algum tempo, chegou o grande dia: o dia do casamento, mas D. Pedro e D. Constança não se amavam verdadeiramente. D. Pedro sentia uma atracção pela Aia de D. Constança, Inês, e esses sentimentos eram-lhe retribuídos.
Passeava Inês na Quinta das Lágrimas quando D. Pedro chega…

D. Inês: Uii, que susto, pensei que estava sozinha aqui!

D. Pedro: Desculpe, não a queria assustar. O que está aqui a fazer?

D. Inês: Vim apenas dar um passeio.

D. Pedro: Ainda não nos apresentámos cordialmente. Eu sou o príncipe Pedro! Muito prazer!

D. Inês: Inês de Castro! Muito prazer!

Narrador: Nesse momento houve uma troca de olhares, envergonhados e profundos.

D. Inês: Peço licença, mas tenho deveres a cumprir…

D. Pedro: Com certeza, não se incomode por mim.

Narrador: Nos anos seguintes, D. Pedro e D. Inês encontravam-se secretamente, aumentando cada vez mais o seu amor. Quanto a Constança, andava cada vez mais triste. D. Pedro não lhe prestava atenção, até que um dia morreu, ao dar à luz um filho chamado Fernando.

D. Constança: Mandai chamar D. Pedro, sinto que estou a partir.

Narrador: O criado apressou-se a chamar D. Pedro e disse-lhe que o seu filho já tinha nascido e que D. Constança pedia que fosse até junto dela rapidamente.

D. Constança: (Dirigindo-se a D. Pedro.) Sei do teu amor com a minha aia Inês. Não me eras fiel, nem me prestavas atenção. Sei que nunca me amaste, pois o teu amor tinha outro nome. Sei, também, que te encontravas secretamente com ela. A minha hora está a chegar e não te peço mais nada... apenas que respeites a minha honra.

D. Pedro: Desculpa se te fiz sofrer, mas sabes que o meu coração bate por ela. O teu desejo será respeitado. Muito obrigado por tudo.
(momento de silêncio).

D. Pedro: Pobre Constança, morreu para dar a vida!

Narrador: D. Pedro e D. Inês sentiam-se culpados, mas o amor era mais forte e acabaram por ficar juntos. Desse amor nasceram quatro filhos, D. Afonso, D. Beatriz, D. Dinis e D. João.

Narrador: D. Afonso IV, pai de Pedro, era contra o amor entre D.Pedro e Inês de Castro, pois não gostava dela. Então, os seus homens aconselharam-no a matá-la. E assim foi. O Rei mandou trazer Inês à sala do trono.

D. Afonso IV: Estavas a levar o meu filho por maus caminhos! Ele vai ser o futuro Rei de Portugal e eu não quero que ele te tenha como esposa. Não mereces esse lugar! Vou acabar com tudo isto já!!!

D. Inês: Peço-lhe clemência, por mim e pelos seus netos! Eu amo D. Pedro!

Narrador: D. Afonso IV comoveu-me por breves instantes, mas não cedeu.

D. Afonso IV: Tu não mereces o meu filho! Ele não é homem para ti. Matem-na!!!

D. Inês: Não, por favor!

Narrador: E, assim, morreu... aos olhos dos seus filhos.

Narrador: De repente, chega, da caça, D. Pedro e depara-se com os seus filhos a chorar. Observa o corpo da sua amada estendido no chão, com um punhal cravado no coração.

D. Pedro: O que se deu aqui?!

Narrador: O pai não disse nada, limitava-se a olhar para o chão. Mas Pedro já sabia o que acontecera. Devastado com a morte de Inês, não perdoou o seu pai, mas nem por isso cruzou os braços. Ordenou que fossem construídos dois túmulos magníficos, um para Inês e outro para ele, quando morresse, que foram colocados no belo Mosteiro de Alcobaça.
E assim foi…
Quando D. Pedro morreu, os dois amados puderam finalmente dormir o sono eterno, frente a frente, nos braços do belo e encantado Mosteiro de Alcobaça. (Enquanto o narrador fala, D. Pedro e D. Inês abraçam-se carinhosamente).


Fim…
Realizado por: Cristina Barroso, Joana Freire, Marisa Nogueira 9ºC (adapt.)

O nosso trabalho em fotos:

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Entrevista sobre o amor-fotos

Entrevista sobre o amor-filme

Mais do que as fotos, são as palavras que contam e que mostram que, aos olhos dos mais pequeninos, o amor também é grandioso.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Poemas sobre Inês


Inês de Castr
o

Antes do fim do mundo, despertar,
Sem D.Pedro sentir,
E dizer às donzelas que o luar
E o aceno do amado que há-de vir...

E mostra-lhes que o amor contrariado
Triunfa até da própria sepultura:
O amante, mais terno e apaixonado,
Ergue a noiva caída à sua altura.

E pedir-lhes, depois, fidelidade humana
Ao mito do poeta, à linda Inês...
À eterna Julieta castelhana
Do Romeu português.

Miguel Torga, in Poemas Ibéricos-Antologia Poética, 1981


À morte de Inês de Castro


Toldam-se os ares
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.

Mísero esposo,
Desata o pranto,
Que o teu encanto
Já não é teu.

Sua alma pura
Nos Céus encerra;
Triste da Terra,
Porque a perdeu.

Contra a cruenta
Raiva ferina,
Taça divina
Não lhe valeu.

Tem roto o seio,
Tesouro oculto;
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.

Da dor e espanto
No carro do outro
O númen louro
Desfaleceu.

Aves sinistras
Aqui piaram,
Lobos uivaram,
O chão tremeu.

Toldam-se os ares
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.

Bocage, in Cantata à Morte de Inês de Castro (excerto)


A linda Inês de manto


Teceram-lhe o manto
para ser de morta
assim como o pranto
se tece na roca

Assim como o trono
e como o espaldar
foi igual o modo
de a chorar

Só a morte trouxe
todo o veludo
no corte da roupa
no cinto justo

Também com o choro
lhe deram um estrado
um firmal de ouro
o corpo exumado

O vestido dado
como a choravam
era de brocado
não era escarlata

Também de pranto
a vestiram toda
era como um manto
mais fino que a roupa

Fiama H. P. Brandão, in Obra Breve, Barcas Novas, 1967

Pedro e Inês

Tu amavas o sol perdidamente
e tudo te pedia um pouco do perfume do pomar
aurora não do dia aurora do amor
alegria tão forte que causava dor

nave de pedra em luz transfigurada
Há cotovias já no teu silêncio
há coisas de outra idade neste dia
que afogentou os rouxinóis da noite
É manhã nas estrelas vai alguém casar

pedra de pedra pedra intensamente
testamento lavrado sendo já alto o serão
alguém casou alguém morreu de amor
após a sua postrimeira dor
Talvez um dia eu volte lá dessa cidade
somente minha e de mais ninguém
A vida era a mágoa para mim que só pedia
a beleza contida num pequeno copo de água

Ninguém profundamente me conhece
nem talvez isso interesse a alguém
e aos íntimos menos que a ninguém
Bailador e monteiro e justiceiro
pedro primeiro pedro derradeiro

Ruy Belo, “A Margem da Alegria”, 1973, (fragmento final) in Obra Poética de Ruy Belo, vol.2, Ed. Presença


Soneto de Inês

Dos olhos corre a água do Mondego
os cabelos parecem os choupais
Inês! Inês! Rainha sem sossego
dum rei que por amor não pode mais.
Amor imenso que também é cego
amor que torna os homens imortais.
Inês! Inês! Distância a que não chego
morta tão cedo por viver demais.
Os teus gestos são verdes
os teus braços
são gaivotas poisadas no regaço
dum mar azul turquesa intemporal.
As andorinhas seguem os teus passos
e tu morrendo com os olhos baços
Inês! Inês! Inês de Portugal.

José Carlos Ary dos Santos, in Poemas de Ary dos Santos (clicar)




CHOVE! Chove... Mas isso que importa!,

se estou aqui abrigado nesta porta

a ouvir a chuva que cai do céu

uma melodia de silêncio

que ninguém mais ouve

senão eu?


Chove...

Mas é do destino

de quem ama

ouvir um violino

até na lama.


Dedicado a Inês, por José Gomes Ferreira, in As Tormentas (clicar)





A Ferida inesgotável

Na combustão de Inês a cânfora como se
sob a oxidação da luz o cordão umbilical
agora o amor prefigura-nos melhor sobre
as águas as pedras da fonte continuam
desencarnadas nos golfos do crime

as águas ainda na exatidão enregelada das
lâminas nos veios cintilantes da sílaba
o poema íngreme no equilíbrio do sangue
a fulguração do fogo inteiramente vencido
nas mãos do assombro sob os líquidos a
clara magnólia inteira a ferida ainda fresca.

João Rasteiro, in Triplov.org (clicar)

A Ulina

Soneto dedicatório

Da miseranda Inês o caso triste
Nos tristes sons, que a mágoa desafina,
Envia o terno Elmano à terna Ulina,
Em cujos olhos seu prazer consiste.

Paixão, que, se a sentir, não lhe resiste
Nem nos brutos sertões alma ferina,
Beleza funestou quase divina,
De que a memória em lágrimas existe. Lê, suspira, meu

bem, vendo um composto
De raras perfeições aniquilado
Por mãos do Crime, à Natureza oposto.

Tu és cópia de Inês, encanto amado;
Tu tens seu coração, tu tens seu rosto...
Ah!, defendam-te os Céus de ter seu fado

Manuel Maria Barbosa du Bocage, in Bocage (clicar)



Inês morreu

Inês morreu e nem se defendeu
Da morte com as asas da andorinha
pois diminuta era a morte que esperava
aquela que de amor morria cada dia
aquela ovelha mansa que até mesmo cansa
olhar vestir de si o dia a dia
aquele colo claro sob o qual se erguia
o rosto envolto em loura cabeleira
pedro distante soube tudo num instante
que tudo terminou e mais do que a inês
o frio ferro matou a ele
Nunca havia chorado é a primeira vez que chora
agora quando a terra já encerra
aquele monumento de beleza
que pode pedro achar em toda a natureza
pode pedro esperar senão ouvir chorar
as próprias pedras já que da beleza
se comovam talvez uma vez que os humanos corações
consentiram na morte da inocente inês
E pedro pouco diz só diz talvez
satanás excedeu o seu poder em mim
deixem-me só na morte só na vida
a morte é sem nenhuma dúvida a melhor jogada
que o sangue limpe agora as minhas mãos cheias de nada
ó vida ó madrugada coisas do princípio vida
começada logo terminada


Ruy Belo, in Triplov (clicar)